Já nos idos e remotos tempos em torno de 400 a 300 anos antes de Cristo, os filósofos da Antiguidade, Platão e Aristóteles se dedicaram a pensar sobre questões relativas à ética e à política.
Platão, professor de Aristóteles, já dizia que “a parte que ignoramos é muito maior que aquela que sabemos.” Também defendia que “devemos prosperar pelo merecimento, não pela proteção”,ou também que “não há nada de errado com aqueles que não gostam de política. Simplesmente serão governados por aqueles que gostam.”
À Aristóteles foram atribuídas frases como “Nosso caráter é o resultado da nossa conduta.” Ele também disse que “Os homens são bons de um modo apenas, porém são maus de muitos modos”.
Na linha de seu pensamento, Aristóteles afirma que “A virtude moral é uma consequência do hábito. Nós nos tornamos os que fazemos repetidamente. Ou seja: nós nos tornamos justos ao praticarmos atos justos, controlados ao praticarmos atos de autocontrole, corajosos ao praticarmos atos de bravura.”
Esses exemplos extraídos de mais de dois mil anos atrás refletem o dilema da eterna busca pelo aprimoramento ético e o Brasil passa por um momento em que estas questões serão cruciais para a formação do consenso parlamentar.
Na expectativa de mudanças, as eleições do ano passado promoveram grandes renovações nos quadros, mas tem encontrado muita dificuldade em promover uma mudança na forma institucional de construção dos consensos parlamentares para obter aprovação em projetos considerados fundamentais pelo governo atual.
Muito se tem falado sobre “nova” e “velha” política, com a tentativa de categorizá-las e colocá-las em baús distintos, quando na verdade o que teria que ser feito é uma conscientização profunda dos conceitos de ética e política.
O foco da questão é que a intenção seja genuína, e que, de fato, o consenso parlamentar ocorra na direção do bem comum e do interesse do Estado, este considerado em sua definição mais sublime.
No entanto, em tempos de era digital, onde todos têm o direito de emitir suas opiniões e, voltando-se a frase de Platão, na qual a parte que ignoramos muitas vezes é maior a parte que sabemos, há uma uma grande pressão decorrente da mídia e das redes sociais sobre os políticos.
Algumas vezes a abordagem das questões políticas é feita de forma superficial e sem conhecimento de todos os elementos, o que leva a conclusões equivocadas e muitas vezes até ao receio em políticos de tomar uma atitude ou decisão importante.
No entanto, considerando que o Brasil é um país democrático, republicano e com imensa diversidade cultural, é de extrema importância que, mesmo com todas as diferenças de ideologia e postura, haja o empenho do Presidente e dos políticos na formação de um consenso parlamentar para a aprovação de pautas importantes para o País.
Cabe de fato ao Presidente Bolsonaro a atitude republicana de chamar à baila todos os partidos, assim como cabe a todos eles, ainda que com suas peculiaridades e diferenças ideológicas, levarem sugestões e propostas para que levem a um consenso parlamentar nas questões que afetam a todos.
O momento requer mais uma postura ética, de qualquer que seja o partido, com foco na solução dos problemas que impactam no dia a dia das pessoas do que essa discussão sobre nova e velha política, pois nela nada é tão nova…nem tão velha…pois o que se percebe no pano de fundo é a discussão sobre a ética, que dos idos e antigos tempos perdura até os dias de hoje.
*KAREN LIMA VIEIRA
-Graduada em Direito(PUC Campinas);
-Mestrado em Ciências Políticas (PUC/SP);
Doutoranda pela PUC/SP) ;
-MBA em Gestão Empresarial (FGV/IBE)
-Procuradora Legislativa da Câmara Municipal de São Paulo.
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