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Pesquisas e Eleições

Em tempos de campanha eleitoral, as pesquisas e os assuntos da política acabam tomando conta de grande parte da imprensa.

Feitas por métodos técnicos e estatísticos, as pesquisas podem de fato revelar os vencedores e os movimentos eleitorais. Desenha a intenção do eleitorado naquele momento e, com isso, os políticos acabam se utilizando de seus métodos, para fazer as coligações com base nas indicações “da direção dos ventos para a qual a biruta da pesquisa os leva”.

Embora não raras vezes algumas pesquisas possam conter algum semblante de manipulação, quando é feita seguindo normas técnicas tem grande possibilidade de realmente refletir o momento das coisas.

Para a realização de uma pesquisa, seja ela eleitoral ou não, vários fatores devem ser considerados. Assim, antes de realizá-la é determinado o público alvo, o universo sobre o qual será feita a pesquisa, a quantidade de pessoas a serem envolvidas, parâmetros que a distinguam dentro do grupo objeto de pesquisa, entre outros. Após toda essa definição e vários cálculos, chega-se ao valor final, que traz uma margem de erro cujo quantitativo derivou de todos os elementos da pesquisa.

Assim, não raras vezes cabe a pergunta “por que um instituto de pesquisa mostra um resultado e outro revela outro diferente?”

Partindo-se do princípio da honestidade, o que pode ter relevância são os dados utilizados na pesquisa como o universo investigado, o número de entrevistados e as características definidas pelos pesquisadores a serem feitas. Assim, se a intenção é valorizar um ou outro candidato, a seleção do universo a ser pesquisado pode contribuir para que isso aconteça.

Nos últimos tempos algumas pesquisas foram feitas em relação aos cargos de Presidente, Senador e Governador.

Uma leitura apurada de seus dados, demonstra que esta eleição, talvez em decorrência de todos os fatos expostos na mídia e dos casos de corrupção que tem sido apurados com maior rigor, que o quadro está ainda indefinido.

Indefinido porém às vezes contraditório.

Recentemente foi feita uma pesquisa, cujos dados ora transcrevemos, pelo DataPoder360, divisão de pesquisas do portal Poder360, realizou 5.500 entrevistas por meio de telefones fixos e celulares de 25 a 29 de junho. Foram atingidas 229 cidades em todas as regiões do país. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. O registro do estudo no TSE é BR-05297/2018. (Dados do site www.poder360.com.br, escrito por Fernando Rodrigues em 04/07/2018).

(Quadro extraido do site Poder360)

Sem Lula na pesquisa, o que mais chama atenção é a grande quantidade de votos brancos e nulos. Observa-se que de maio para junho eles aumentaram, ao invés de diminuir, assim como os que não sabem ou não quiseram responder.

Outra situação curiosa é que em outras pesquisas já realizadas, feitas com o nome de Lula, a intenção de votos para ele gira em torno de 30%, mas quando não é ele, os petistas colocados em seu lugar não conseguem passar de 10 %. Nas pesquisas anteriores, Haddad e Jaques Wagner não alcançavam 3%.

O recado das pesquisas parece ser que uma considerável parte do eleitorado pode confiar em Lula para ser o Presidente, mas não confia mais em sua aptidão para escolher sucessores. Talvez essa tendência dos eleitores ocorram por resquícios de escolhas de personagens anteriores como da ex-presidente Dilma, ou do próprio Haddad, cotado para substituir Lula se ele não puder ser candidato. Um dos motivos para a não transferência de votos, pode decorrer da diferença de perfil entre Lula e seus indicados, pois nenhum deles tem suas características ou similaridade de perfil, como carisma e capacidade de comunicação em todas os ambientes. A situação é como se elementos de uma mesma tribo estivessem votando em tribos diferentes com uma tamanho falta de sintonia aparente entre eles.

Na outra ponta, o PSDB também não esta conseguindo mais cair nas graças dos eleitores. Embora esteja entre os quatro maiores partidos do Brasil, não tem tido forças ou propostas para convencer os eleitores de que ainda pode ser uma opção. Os apoiadores de Alckimin argumentam que com as alianças partidárias que está tentando fazer podem ainda crescer, mas até o momento, há poucos meses da eleição, este reflexo não se fez presente nas pesquisas.

Na vida, quase tudo é possível, em eleições também mas o que se vê é que talvez pelo tempo que Alckimin passou como Governador, ainda que tenha seus feitos políticos, não tem conseguido tocar o coração das pessoas, muitas das quais não se sentiram contempladas, ou enxergadas em sua gestão, e não sentem uma conexão com ele capaz de ser transformada em votos.

E crescendo, alguns personagens já antigos da política, como Ciro Gomes, Marina Silva, Bolsonaro e Álvaro Dias. Todos já tiveram mandatos parlamentares, assumem serem políticos, cada um na sua linha e estão tentando construir um caminho que leve a vitória.

Mas, mais que tudo, o que cresce são os sentimento de indignação, dúvida, descrença, que vemos com clareza cristalina na pesquisa. Os votos do “não sei”, “não quero”, “não vou” superam as intenções de voto até do Lula.

Muitos desses votos são de Lula, caso consiga ser candidato ainda pode surpreender e até ganhar, o que prova que os referenciais políticos do Povo brasileiro leva em conta outros valores, que não o de alguns outros países do mundo. Mas ainda “muita água vai rolar”.

Até outubro ouviremos várias histórias, algumas estórias e muita conversa sobre um ou outro candidato.

Por enquanto o esperado “novo” que era mote dos últimos anos dos cientistas políticos ainda não apareceu! Já que os “outsiders” Luciano Huck, Joaquim Barbosa e Datena, entre outros já desistiram, deixando a impressão de que política é para políticos.

POR KAREN LIMA VIEIRA

-Graduada em Direito(PUC Campinas);
-Mestrado em Ciências Políticas (PUCSP) e
-MBA em Gestão Empresarial (FGV)
-Procuradora Legislativa da Câmara Municipal de São Paulo.

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